terça-feira, 25 de junho de 2013

A Pedagogia de Jesus - Por uma educação de qualidade

Educar significa para o educador uma oportunidade de ensinar o que sabe e, também, de aprender algo a mais com o seu educando. É uma troca que visa o enriquecimento de ambos.
Jesus ao “educar” seus seguidores, aprendia mais sobre a natureza humana, os desafios da encarnação e, especialmente, os sofrimentos do corpo e da alma.  Sua imersão em uma sociedade endurecida pelos erros e pela ausência de conduta moral e espiritual elevada O fez aprender sobre as emoções e as fraquezas humanas. Como descreve S. D. Gordon: "Jesus tinha já feito antes de fazer, viveu aquilo que depois ensinou, viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pôde ensinar." Ele nos ensinou que toda aprendizagem conduz o ser humano à harmonia consigo próprio, com o próximo e com Deus.
Suas lições eram dadas, muitas vezes, por parábolas (ex.: Parábola do Semeador.  (Mt.13:10-23) ou Do joio  (Mt. 13:24-30)), preleções (Sermão do Monte   (Mt. 5)) ou ilustração (Olhai os lírios do campo... (Lc.12:27)). Dessa forma, Jesus buscava identificar e estimular em cada criatura a oportunidade de encontrar seus próprios valores de crescimento rumo da perfeição. Para Ele, o erro é uma parte do processo de aprendizagem e deve ser transformado em estímulo para o crescimento moral e evolução do espírito.
Quando encarnado, as lições de Jesus aos seus seguidores sugerem a linha do pragmatismo filosófico, ou seja, suas reflexões eram, geralmente, sobre situações reais e encontravam aplicação direta, porém, exigia do aprendiz o empenho (esforço) de querer aprender. A pedagogia de Jesus tem a premissa de que a aprendizagem deve se basear na descoberta pessoal, concreta, a partir da busca e da reflexão em profundidade sobre o que é, de fato, o verdadeiro conhecimento.
A Fé deve ser o fio condutor ao Conhecimento, à Luz e a Verdade. Cristo nos ensina que o educador deve ensinar pelo Amor que tem pela verdade e pelo próximo, consequentemente, deve conduzir seu aprendiz a refletir e questionar tudo visando, essencialmente, sua emancipação física e espiritual. Cabe ao educador ensinar que o conhecimento é a chave que liberta o ser humano das pesadas correntes da ignorância e da submissão.
Mesmo os Espíritos evoluídos ensinam (e aprendem) por intermédio do Amor, sendo a caridade um instrumento de guia e de ajuda aos encarnados e desencarnados que buscam o conhecimento, a verdade e a Luz para seguir na senda da evolução. Assim como Jesus, os irmãos espirituais ensinam, também, através do Exemplo, da Fé, de Ações e da Abnegação. Esses, inclusive, são os grandes desafios aos educadores encarnados – ensinar, pelo exemplo, alcançar a Libertação.
Como dizem, aprendemos pelo amor ou pela dor. A Fé que nos move ao conhecimento e dita o ritmo dos ensinamentos é a mesma que pode nos aprisionar nos medos e nas superstições. Cabe a cada um ter ouvidos e querer ouvir e coração para desejar sentir o seu instinto natural de evolução.
A criança para aprender necessita de paz, de amor e da verdade. Ela tem o desejo natural de aprender e precisa sentir confiança e ter a fé naquele que ensina. Não esqueçamos que somos ao mesmo tempo, por natureza, educadores e aprendizes natos e que Deus, como Criador, concebe a cada um de nós o dom de construir a felicidade na vida eterna, mas alerta que ela inicia-se na construção do Reino de Deus na vida terrena, através do cumprimento da Lei de Amor, Justiça e Caridade, aliando razão e emoção a serviço da busca pela perfeição e pelo conhecimento.
Em sua pedagogia Cristo nos instrui a ensinar pela caridade, como espírito, e pelo Amor como ser encarnado. A união dessas duas vias está centrada na inter-relação pessoal, na construção coletiva dos ideais de fraternidade que deve conduzir a reflexão de que nossos atos do cotidiano são contabilizados perante a Justiça Divina.
Somos educadores! Independentemente da profissão que escolhemos na vida de encarnados, a nossa missão como pai, filho, irmão e cidadão é de educar, principalmente pelo exemplo.
Nossos filhos são nossos alunos. Quando recebemos a missão divina de ser pai ou mãe, recebemos a oportunidade de crescer como espírito. Educando nossos filhos, guiando seus passos na senda da verdade, da fé e do amor, estaremos cumprindo a vontade de Deus. Lembrando as palavras do Mestre, “Em verdade vos afirmo que tudo que o fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes.”  (Mt.25:40)
Como já mencionamos antes, ao educar aprendemos e ao aprender ensinamos. Assim como filhos que recebem as lições dos seus pais têm o livre arbítrio para guiar seus próprios passos, aos pais competem aprender com seus filhos a ser mais humano, tolerante e caridoso. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz: eu as conheço e elas me seguem.” (Jo. 10:27)
Podemos afirmar que a Pedagogia de Jesus é definida por uma única palavra: AMOR. E que seus fundamentos estão consolidados pela caridade, coerência e o modo de ser do Mestre, que são igualmente elementos favorecedores da aprendizagem.
“Nisso todos reconhecerão que vós sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.”  (Jo.13:35)
Por fim, devemos lembrar-nos das lições do Evangelho Segundo o Espiritismo quando ensina a função de ser humano no Planeta Terra.
 “Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro.(...)” (p. 302- grifo nosso)

Que Deus nos abençoe com a Sua Paz e Harmonia!

Rio de Janeiro, 05 de janeiro de 2013.

Anderson Boanafina  

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Protesto: Uma forma de manifestação do Inconsciente Coletivo

Assistindo os agrupamentos de pessoas em diversas cidades do país solicitando mudanças, me vem à mente o conceito de Inconsciente Coletivo.

Jung diz que o inconsciente coletivo é a herança que recebemos das experiências dos nossos ancestrais, sendo a perpetuação de todos os povos e de todas as épocas da humanidade. Jung compara o inconsciente coletivo ao ar, ou seja, é o mesmo em todo o lugar sendo respirado por todos, mas, não pertence a ninguém.

O ar que os manifestantes do bem estão respirando é o da ética. E a herança dos nossos ancestrais que buscavam fundamentar suas ações por valores morais e princípios guiados por ideais como o da liberdade.

Muito provavelmente, boa parte dos manifestantes não estão, conscientemente, lembrando de Jean-Jacques Rousseau, o autor de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), mas, certamente, os ideais que inspirou Rousseau também está inspirando esses jovens.  Aliás, vale a pena ler o livro O Contrato Social, de Rousseau.


“Mesmo quando cada um de nós pudesse alienar-se não poderia alienar a seus filhos: eles nascem homens e livres, sua liberdade lhes pertence e ninguém, senão eles, podem dispor dela.“  (Rousseau)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

SOBRE A ONDA DE PROTESTOS NO BRASIL

Sou ex-cefetiano e, como todo aluno de escola técnica dos anos 80, trago na veia uma formação que mistura a consciência crítica com os desejos de avanços e mudanças que promovam o crescimento por mérito.
Sobre as relações de poder, independentemente de ser um governo de esquerda ou de direita (essa diferença, no Brasil, é muito difícil de entender), defendo uma equidade social que não faça juízo de valor diferenciando classes sociais. Vejo a justiça como sendo uma virtude que está acima de classes sociais. Assim, na minha visão, o poder constituído legalmente deve buscar o equilíbrio sem diferenciar ou prejudicar uma classe da sociedade.
Nos últimos 20 anos estamos assistindo um achatamento da classe média, com as classes mais pobres recebendo “ajuda financeira” e as classes mais ricas “vantagens financeiras”. Isso, na minha visão, vem provocando esse grito da sociedade. Você pode perceber que não há uma bandeira partidária, mas, mesmo assim, é um movimento político de um grupo que, até certo ponto, não se vê “atendido” sob nenhum aspecto e, pelo contrário, só paga as contas.

Nesse sentido, sou a favor dos movimentos sociais especialmente por voltar a despertar a consciência crítica adormecida há 20 anos. Sou contra, como sempre fui, os atos de violência e vandalismo. Na minha opinião, esses atos só servem para enfraquecer os movimentos e, por isso, acho que são produzidos por aqueles que, de certa forma, se sentem prejudicados pelas possíveis mudanças.

Lembrando das aulas de historia, recordei das lições da antiga Roma, onde líderes praticavam a política do pão e circo, ou seja, para manter a população fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio, acalmavam o povo com a construção de enormes arenas, onde eram realizados sangrentos espetáculos, acrobacias e apresentação de artistas de teatro. Outro costume dos imperadores era a distribuição de cereais mensalmente. A vantagem de tal prática era que, ao mesmo tempo em que a população ficava contente e apaziguada, a popularidade do imperador entre os mais humildes ficava consolidada.

Como no contexto romano da época, a grande parte da população brasileira, por falta de uma educação de qualidade, não tem (ou tinha) qualquer interesse em assuntos políticos e só se preocupa com o alimento e o divertimento. Por sorte, talvez estejamos vivenciando, como em Roma, o nosso processo de finalização da política do pão e circo. 


Recordando o célebre Sócrates (o filósofo) “para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.” O vácuo de 20 anos do alto potencial de criticidade juvenil talvez esteja chegando ao fim e, quem sabe, um novo modelo nas relações entre o poder e o povo esteja surgindo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Projeto de Treinamento - 4 perguntas chaves!

“Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados”.  (PROCHONW, 1999)[1]

A definição utilizada por Prochonw, para definir projeto, vem ao encontro do que se deseja de um projeto de curso que visa o treinamento profissional, ou seja, que ele (curso) seja assertivo nos seus objetivos, preciso no delineamento, exeqüível no prazo e no orçamento estabelecido.
Lembrando sempre que um projeto bem estruturado é a referência para um curso bem sucedido.
Contudo, como em qualquer projeto, o essencial é realizar um diagnóstico prévio, identificando a necessidade do curso (treinamento) sob quatro aspectos:
        Utilidade – o treinamento será realmente útil na formação que irá oferecer e nos resultados que poderá gerar para a organização?
        Viabilidade – o treinamento é viável? (legislação, factível, custo x benefício, momento, local, perfil do educando, do educador e da instituição formadora)
        Precisão – o treinamento atenderá as demandas da organização e do profissional? O treinamento está de acordo com o nível de escolaridade, posto e condições de aprendizagem do profissional?
        Ética – o treinamento respeita o profissional e os princípios éticos, morais e de responsabilidade sócio-ambiental da organização?

Responda essas quatros questões antes de começar a desenhar um programa de trienamento para avaliar sua assertividade pois, certamente, você irá poupar muito tempo e recursos. Acredite!


[1] PROCHNOW, Miriam; SCHAFFER, W.B. Pequeno manual para elaboração de projetos. Rio do Sul: Ed. UFRS, 1999.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Desenvolvendo um Treinamento - Compreendendo o universo da educação


Para facilitar o nosso processo de ensino e de aprendizagem, devemos definir e refletir um pouco sobre algumas palavras ou termos que, geralmente, causam dúvidas no momento de desenhar um projeto de treinamento. Essas palavras serão utilizadas, com freqüência, durante as próximas postagens.
a)    Ensino
O ensino é a ação e o efeito de ensinar (instruir). Trata-se do sistema e do método de instruir, constituído pelo conjunto de conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.
O ensino implica na interação de três elementos: o professor ou docente, o aluno ou discente e o objeto de conhecimento. O professor é a referência do conhecimento e atua como mediador entre a informação e o estudante. Este, por sua vez, é, de forma interativa e integrada com o docente, o receptor e criador ilimitado do conhecimento. Sob esta perspectiva, o processo de ensino é a construção do conhecimento pelo estudante, através de diversos meios e técnicas.
A aprendizagem como construção do conhecimento baseia-se, principalmente, na capacidade de percepção/atenção do educando.
Aulas expositivas, apoio com textos e as técnicas de participação e de debates entre os estudantes são alguns exemplos de formas em que se materializa a relação entre os processos de ensino e de aprendizagem.
b)    Aprendizagem
A aprendizagem é um processo individual de aquisição e modificação de competências, habilidades, conhecimentos, atitudes ou valores. Esse processo produz mudanças no indivíduo por intermédio da interiorização, reflexão e compreensão, por exemplo, de informações, dados, hábitos e culturas em que cada um tem acesso ou está inserido.
De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é co-autor do processo de aprendizagem dos alunos. Nesse enfoque, centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continuamente por todos que participam do processo. 
Não existe uma forma padrão de aprender, por essa razão a grande importância da pessoa do professor que, se atento e competente, perceberá qual a melhor forma e recursos serão necessários para ensinar.
Cabe ao educador considerar o perfil dos seus alunos e se adequar para melhor conduzir o processo de aprendizagem, utilizando, quando necessário, as diferentes formas de apresentar o conteúdo - falando ou lendo (mais auditivo); escrevendo, desenhando, mostrando figuras, filmes, etc (mais visual); relacionando fatos, ênfase na prática, nas relações da vida diária etc.
O docente deve ajustar as diferentes formas de ensinar e de trabalhar com os seus alunos (organização de grupos, trabalho individual), sempre lembrando que a aprendizagem humana está relacionada à educação e ao desenvolvimento pessoal. Consequentemente, deverá ser devidamente orientada, sendo favorecida quando o indivíduo está motivado.
“Diz-me e eu esqueço, ensina-me e eu recordo, envolve-me e eu aprendo.”
Benjamin Franklin

c)    Métodos de ensino e aprendizagem
A melhor forma de entendermos o que significa métodos de ensino e de aprendizagem é considerar o método como sendo um caminho ou via que conduz uma pessoa à aprendizagem. São procedimentos, técnicos e científicos, de ordem didático-pedagógica, que viabilizam a construção sistematizada do conhecimento.
O método mais adequado de ensino tem uma relação direta com o perfil do aluno, ou seja, o método mais assertivo é aquele que propicia ao aluno aprender de maneira eficiente.
Geralmente, a idade, o nível de escolaridade, o tipo de trabalho desenvolvido pelo aluno, o tipo de treinamento requerido, o tempo disponível para o treinamento, o ambiente, os recursos físicos/equipamentos disponíveis e o tema do treinamento são alguns dos elementos que definem o método (ou métodos) e abordagem mais adequados.
Exemplos:
- Método expositivo - Este método, também designado de dedutivo, é o método segundo o qual o professor apresenta conceitos, princípios, deduções ou afirmações, a partir dos quais são tiradas conclusões ou conseqüências são medidas. Quase sempre é o professor a tirar as conclusões, mas podem ser os alunos.
- Aprendizagem pela descoberta guiada em ambientes de simulação – é um método de ensino que utiliza a simulação guiada como uma forma de estimular a construção do conhecimento pelo aluno.
- Aprendizagem baseada no Estudo de Caso - é um método de ensino muito útil para aprender um determinado assunto através da análise de problemas.
d)    Curso
Um curso tem como objetivo transformar ideais e aspirações em ações concretas que possam aproveitar oportunidades, solucionar problemas, atender a demandas sociais ou de determinado grupo. Para isso, o seu projeto deve apresentar um conjunto de informações necessárias para viabilizar a sua execução, num determinado período de tempo e de orçamento, demonstrando seu mérito, na constituição, e relevância, nos resultados esperados.
e)    Treinamento
O treinamento é um processo de ensino, institucionalizado ou não, que visa disseminar informações e/ou adaptar profissionais para o exercício de determinada função, ou para a execução de tarefa específica, em determinada empresa. Consiste na utilização de um conjunto de recursos provenientes da pedagogia e psicologia, objetivando a aprendizagem de novas respostas a situações específicas. 
Um treinamento poderá ser elaborado levando em consideração, entre outros, os seguintes fatores:
- disseminar a cultura da empresa e seus produtos (organizacional);
- melhorar o relacionamento entre os profissionais e com os clientes, minimizando possíveis problemas que poderão surgir (comportamental);
- desenvolver competências e habilidades profissionais (técnico);
- preparar para nova função;
- aumentar a performance do profissional;
- aumentar satisfação do profissional;
- manter a atualização contínua e
- estimular à inovação

Treinamento - Um processo educacional

A educação é um processo que envolve dois atos indissociáveis - o de ensinar e o de aprender. Ela pode ser definida como sendo o processo de socialização dos indivíduos que, ao receber educação, passam a refletir sobre a sua realidade, assimilando e desenvolvendo conhecimentos.
No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte. Desta forma, o processo educativo é materializado numa série de habilidades e valores, que ocasionam mudanças intelectuais, emocionais e sociais no indivíduo. De acordo com o grau de sensibilização alcançado, esses valores podem durar toda a vida ou apenas um determinado período de tempo.
No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo.
Quando focamos o grupo podemos entender, também, como sendo uma equipe de trabalho, ou seja, a educação é demandada pelas organizações como uma ferramenta que proporciona, ao profissional, a aquisição de novas competências vinculadas às estratégias empresariais e, conseqüentemente, sua permanência na instituição. Inclusive, pela impossibilidade de interferência direta nas instituições educacionais formais, as empresas criam suas universidades corporativas como uma forma de atender as demandas de treinamento e desenvolvimento específicos e permanentes. (OTRANTO, 2007)[1]
Na via da legislação, a educação brasileira convive com um forte processo de descentralização e busca pela qualidade do ensino ministrado, tanto por instituições públicas como pelas privadas. A atuação do poder público, pelos mecanismos de credenciamento e avaliação, é crucial para que não haja uma formação de (pseudos) profissionais qualificados atuando no mercado profissional.
Geralmente, um programa de treinamento corporativo está inserido na categoria de cursos e programas de “Formação Inicial e Continuada de Trabalhadores” (Decreto 5154/2004), que inclui a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização, em todos os níveis de escolaridade. Infelizmente, esses programas e cursos não são regulamentados e avaliados pela MEC, ficando com as organizações ou pessoas que procuram por esses cursos a responsabilidade de buscar instituições de educação reconhecidas por sua excelência acadêmica, como uma forma de ter uma “garantia de qualidade” do serviço que será prestado.
Finalizando, devemos ter atenção quando o processo educacional é desenvolvido nas organizações por instituições não educacionais, especialmente pelo próprio antagonismo de conceitos - uma instituição não educacional sendo responsável por um processo educacional. Assim, a ausência de um bem estruturado projeto de treinamento pode conduzir a aceitação de uma “educação” moldada por princípios pragmáticos e tecnicistas de empresas de “treinamento”, onde a racionalidade estará coesa aos processos econômicos de valorização do capital e não de educação do ser humano e valorização institucional.


[1] OTRANTO, Celia Regina. universidades corporativas: o que são e para que servem?< http://www.anped11.uerj.br/30/GT11-2852--Int.pdf> Acesso: 15 mar.2003

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ENEM não é um indicador de qualidade do Ensino Médio

Indicadores são definidos como sendo "um conjunto comparável de informação que permita o diagnóstico da situação em estudo, seja ela global ou parcial" (BRASIL, 1994, p.15)[1]. São mecanismos que auxiliam a avaliação e controle dos resultados ou desempenho de uma ação que se quer medir. Possibilitando, por meio do levantamento de dados e informações, por exemplo, avaliar o progresso alcançado a partir dos resultados obtidos com a implantação de programas de melhoria da qualidade de uma instituição. Eles revelam e qualificam aspectos de determinada realidade através das prováveis variações.
O desafio na construção de indicadores está em tê-los como retrato de uma determinada situação de uma maneira simples, apesar da incerteza e da complexidade que muitas vezes os envolvem. Considerando que, para serem considerados validos, segundo Jannuzzi (2002)[2], “(...)é preciso garantir que exista, de fato, uma relação recíproca entre indicando (conceito) e os indicadores propostos (...)” (p.54).
Dessa forma, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) não pode ser considerado um Indicador da qualidade do ensino ministrado em uma determinada instituição, especialmente por ele não ter essa finalidade. Assim, o famoso “ranking” criado pela mídia é falso (veja a reportagem no link), considerando que muitas escolas de ensino médio estão montando turmas especiais, chamadas “pré-enem”, para preparar alunos com o único objetivo de elevar o desempenho da instituição. Isso não é educação de qualidade, isso é maquiagem.
O ENEM é um instrumento de avaliação individual (uma prova) que considera o nível de proficiência que o aluno adquiriu durante toda a sua vida, inclusive na escola. Desta forma, o ENEM é uma avaliação centrada nas competências e habilidades individuais de forma contextualizada, conseqüentemente, passa tanto pelo conhecimento adquirido desde o ensino fundamental até os jornais e livros que lê, as visitas aos museus e as notícias que ouve.
Se você deseja que seu filho tenha um bom desempenho no ENEM, escolha uma escola (desde o ensino fundamental) com uma boa proposta pedagogia de formação reflexiva, incentive a leitura, visite museus e debate com ele temas relevantes para a sociedade.  
Anderson Boanafina
Procon afirma que escola distorce dados do ranking do Enem 2011Leia mais sobre esse assunto em: http://oglobo.globo.com/vestibular/procon-afirma-que-escola-distorce-dados-do-ranking-do-enem-2011-6947549#ixzz2EMbR6w54

[1] BRASIL - Programa de avaliação institucional das universidades brasileiras: SESu, 1994.
[2] JANNUZZI, Paulo de Martinho - Indicadores sociais na formulação e avaliação de políticas públicas Revista Brasileira de Administração Pública, Rio de Janeiro, v.36(1):51-72, jan/fev 2002